Os personagens e a historia real não me pertencem como bem sabem. Não quero lucrar nada com ela, apenas emprestar-lhes um pouco de como eu imagino o casal mais perfeito de todos os tempos.
O entardecer de mais um dia.
(Por: Yuukiie - Maiyu)
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Havia três anos que eu fora deixada sob os cuidados de Kaede-baa-chan, e três anos que eu o esperava. Não que eu lamentasse tanto sua falta – longe disso – é que... Bom, eu sentia sua falta sim. E muito. Graças a ele eu estava respirando agora, e fora salva várias vezes. Só que em vez de me sentir imensamente grata por tudo que me fizera, eu tinha raiva. Raiva de como ele me abandonou sem nem ao menos falar o porquê, raiva de como ele se esqueceu facilmente de mim e da forma como fez, não ligando se eu era humana e possuía sentimentos.
Todas as manhãs eu saia para treinar com Kohaku-kun – que havia se tornando um grande amigo para mim -, de tarde cuidava das crianças de Kagome-san e Sango-san e à noite estudava com auxilio de Kaede-baa-chan. E foi o que eu fiz naquele dia, naquela tarde ensolarada de primavera...
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A brisa suave e morna batia suavemente nos cabelos escuros de uma jovem bonita, com corpo muito bem definido e uma pele cor de marfim. Trajava um kimono claro, da cor do céu, com florais e bordados no tom branco. Um dos últimos presentes que Sesshoumaru lhe dera antes de “desaparecer”.
A jovem estava rodeada por algumas crianças – dentre elas alguns hanyous com típicas orelhinhas de cachorro e olhos cor de âmbar – que pareciam entretidas pelo o que a mais velha lhes contava.
- E assim Inuyasha estendeu a mão para dentro do poço e adivinhem... Kagome estava lá. – concluiu colocando o pote que segurava sob o chão. – Agora hora do lanche!
- Nee-chan, mas e o irmão do otousan? – perguntou uma das crianças que se apertava entre os mais velhos para pegar algum onigiri que sobrara.
Rin não respondeu. Olhou para o pôr-do-sol buscando alguma forma de suavizar a dor que sentia em seu coração. Passara a tarde toda contando todas as aventuras de Inuyasha e os outros que nem percebera que quase não tocara no nome dele, o que lhe causava um grande incômodo já que prometera a si mesma que nunca mais sentiria rancor de Sesshoumaru.
- Nee-chan? – perguntou uma das gêmeas, as mais velhas de Sango e Miroku, que acabara de comer o seu onigiri e tomava um gole de chá frio. – Está bem?
- Ah... Estou sim. – respondeu com um sorriso, levantando-se ao ver Kaede se aproximar vagarosamente por causa da idade.
- Rin, pode ir se quiser. Eu assumo daqui.
- Mas... – protestou.
- Não se preocupe pequena. Não necessita de ir a nossa aula hoje, creio que mesmo se fosse não prestaria atenção.
Rin ruborizou suavemente. Nos últimos dias quase não prestava atenção no que fazia – Kohaku quase explodira de raiva de como a jovem quase nem ligava para o que ele dizia. Era incrível como, mesmo longe, Sesshoumaru a modificava.
- Vá caminhar. Sei que lhe fará melhor. – sugeriu Kaede com um sorriso morno.
Rin concordou. Levantou-se preguiçosamente, limpado alguns poucos grãos de arroz que as crianças derrubaram em si e alguns fiapos de grama em que estivera sentada. Uma boa caminhada na floresta antes do entardecer era o ideal, principalmente em um dia quente como esse. Despediu-se de cada um como sempre e rumou em direção à densa floresta que se erguia próxima. Ela respirou fundo o ar puro que o amontoado verde exalava e adentrou. Era nostálgico, pensou tristemente. Tudo lembrava Sesshoumaru, desde a pequena florzinha campestre no chão até os pássaros que cantavam em algum galho alto não muito longe. Chacoalhou a cabeça, tentando afastar
a grande nevasca de lembranças felizes – que agora lhe pareciam imensamente tristes – e começou a correr. Correr e a chorar, já que grossas lágrimas quentes lhe brotavam dos olhos amendoados e tristes. Quem fora que disse que tudo daria certo?
- Droga... – reclamou parando de correr e encostando-se em um carvalho. – Por que eu tenho que chorar? É humilhante.
Ela limpou as lágrimas que ainda insistiam em cair com a manga do kimono. Deu graças por não ter passado alguma maquiagem sequer, se não sua linda veste estaria perdida. Escorregou até sentar-se e sentir a terra gelada.
Olhou ao redor em busca do caminho de volta. Estava escurecendo e logo seria perigosa a floresta – estremeceu ao pensar em o que a esperava.
Um barulho de galho se partindo por perto a avisou que algo se aproximava rapidamente. Sentiu um arrepio na coluna ao cogitar a idéia de ser algum youkai perdido, mas logo o fez desaparecer. Youkais não fariam essa idiotice, além do mais era território do grande Inuyasha. Era insano o desafiar.
- O que está fazendo aqui? – perguntou um homem que brandia um machado. Deveria ser um lenhador que se perdera, pensou Rin aflita, tentando se iludir ao máximo para não deixar que o medo a tomasse.
- E-eu me perdi. – gaguejou fracamente, mas logo se arrependeu do que dissera. E se não fosse um lenhador?
- Oh, que conveniente. Acredita que eu e meus irmãos nos perdemos há algum tempo... E sabe, não temos alguma diversão desde quando? Ah sim, um mês.
Um desespero irritante tomou cada célula do corpo de Rin que começara a tremer ao ver mais dois homens aparecerem. Estava cercada.
O mais baixo deu um passo para mais perto, então Rin teve uma idéia, muito arriscada, mas poderia dar certo. Segurou-o pelo ombro e o derrubou em um gesto rápido no chão, mas antes que pudesse fazer o mesmo com os outros, foi interceptada pelo que brandia o machado.
- Sua vadia, acho que deslocou meu ombro... – xingou o que fora derrubado.
- Me deixe ir! – ordenou Rin que se sacudia para se libertar do homem. – Ou...
-... Ou? – perguntou o outro que ainda estava mais ao longe. – Vai nos matar com seus golpes ruins de karatê? – riu, se aproximando e desfazendo o nó do obi de Rin.
- Não se esquece de deixar um pouco pra nós.
O que desfazia o obi riu ainda mais alto. O kimono de Rin deslizou pelo seu corpo, caindo sob o chão, sobrando apenas o pano que enrolava sobre o kimono. Então tudo aconteceu muito rápido. O homem que violara suas vestes caiu com um baque surdo aos seus pés e os outros logo seguiram o mesmo destino.
Rin olhou em sua volta e localizou uma espada fixada no chão.
- T-ten... sei... ga? – gaguejou. - Mas o que... – Rin olhou a sua volta e localizou um pequeno youkai verde que tremia tanto quanto ela mesma. Sentiu que seu coração acelerava mais ainda, chegando à hiperatividade. – Jaken-sama? – perguntou em voz fraca.
- Você me conhece humana? – rebateu o youkai verde com a voz tremula, olhando para Rin que ainda estava em pé com seu “vestidinho” meio transparente.
- Mas é claro que sim! Sou eu, a Rin!
- O que? A Rin é uma menininha desse tamanho – disse gesticulando com suas pequenas mãos.
- Idiota, eu cresci. Achou que eu ficaria pequena para sempre? – gritou em resposta.
Jaken não discutiu mais, o que fez Rin virar-se e olhar o que o pequeno youkai assustou-se ao ver. Um homem alto de cabelo cor de prata emergir do meio das árvores grossas e velhas.
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Rin empalideceu, e ao contrario de antes, sentiu seu pequeno coração comprimir-se e quase parar.
- S-ses... shou... maru...-sama. – gaguejou pausadamente.
Sesshoumaru recolheu sua espada olhando a jovem dos pés a cabeça, sem demonstrar que a reconhecia.
- Sesshoumaru-sama! – repetiu Rin sem gaguejar.
- Quem é você, humana? – perguntou ele em sua voz fria e áspera que ainda investigava Rin.
- Sesshoumaru-sama, ela diz ser a pequena Rin. – intrometeu-se Jaken, que se recompusera do susto e sentava-se em uma pedra segurando seu cajado ao seu lado.
- É-é verdade. S-sou eu, a Rin. – gaguejou estimulando a memória dos dois youkais.
O dai-youkai deu alguns passos a frente, apurando suas potentes narinas. O aroma da garota chegou a si, confirmando que realmente era a pequena Rin que estava diante de si. Ele olhou mais uma vez para a garota, parando no pulso cortado e em alguns arranhões no braço. Rin seguiu o olhar e acabou lembrando-se que não estava propriamente vestida, porém antes que pudesse tomar qualquer precaução, Sesshoumaru retirou a parte de cima de seu kimono entregando à jovem. Rin hesitou, mas cobriu-se com o kimono – surpreendeu-se quão quente estava.
- Preciso tratar suas feridas. – falou em tom mais ameno, mas que ainda beirava a frieza.