{ Yume no Chie High School } { FanFic Comunitária }

- Waaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Atrasada! Atrasada!! Preciso achar a droga da entrada! - deixei uns gritos sairem de minha boca. Estava quase perdida, ou talvez muito encrencada, se não passasse pela multidão que se aglomerava em volta do portão da Yume no Chie High School (ou se preferir, Yume High) em exatos... um minuto. Isso mesmo, minha vida dependia de um minuto! E tudo por culpa de quem? Do meu queridíssimo Tio, diretor e proprietário da escola interna mais bem conceituada na região de Tóquio . E como se não bastasse - e certo, para você pode parecer muito fácil, mas para mim? Muito difícil - eu estava com metade do meu armario entulhado em duas grandes malas.
Agora pode perguntar: Por que uma retardada sobrinha de um tio multimilionário está indo para sua incrível - e sim, bote muito incrível nisso. Por que ter cinquenta mil quadras, hipódromo e até trilhões de piscinas aquecidas, e veja só, são muitas mesmo, não pode não ser incrível, certo?! Certo?? - escola a pé? Aí vai sua ótima resposta não tão ótima para mim: Por que eu não sou rica. Meu tio pode ser, mas meu pai? Um mero jornalista de um jornalzinho idiota da cidade em que moramos.
Sim, por que meu pai é quem me cria. Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos. Motivo? Boníssima pergunta.
Agora voltemos para minha crise de alguns minutos, ou melhor, um minuto - ouch, trinta e oito segundos, para ser mais exata nesse instante. Mas foi aí que Kami-sama mandou-me um anjo: uma limousine - e dizemos "e que limousine". A sujeita deveria ter até banheiro se bobiasse - cruzou a multidão, sobrando espaço para que eu passasse.
Só que deu para ver o "tenshi-sama" dono do carrão: Era um garoto, mais ou menos da minha idade, e bom, o mais bonito que eu já havia visto. Seu cabelo era cor de carvão, do tipo mais escuro que existe. E seus olhos? Certo, eram lindos, mesmo que fossem da mesma cor do cabelo e sua pele era bem alva, mais que a minha. Tá, mas ele era bonito mesmo com um calção rosa de banho com florais liláses.
Devo ter ficando alguns segundos olhando ele, foi aí que, bom, ele olhou para mim. E certo, aquele olhar me deu muito medo. Tinha ódio. Muito ódio, como se eu fosse apenas uma baratinha que estivesse em seu banheiro que ele deveria matar - tá, quando pensei no "banheiro" me mentalizei como uma baratinha realmente em seu banheiro... E ele, bem, tomando banho. Não seria uma péssima ideia afinal das contas. Menos a parte de matar, claro. -, o que fez uns calafrios, de medo ou outra coisa que eu não sabia, subir pela minha espinha.
Só que não demorei muito tempo ali parada com meus calafriozinhos. Um cara com roupas prestas - como os olhos do menino - segurou meu ombro, trazendo-me a mim.
- O que está fazendo aqui? - perguntou em um tom tedioso. Ah, se eu pudesse lhe diria que aquele cabelo nojento de tão oleoso e aquela farda ridícula faria com certeza que ele nunca casasse (eu sabia que o cara não era casado: nem aliança tinha!). Mas bom, eu ainda tenho muita consciencia que caras com quase o dobro de meu tamanho não são flores que se cheirem. - Ei, espera ai... Você é a sobrinha do diretor, certo?
Haha, te amo titio lindo! Aposto que ele deve ter mostrado pra deus e o mundo minhas fotos do ano passado no iate idiota dele que eu havia comido muitos camarões - sim, eu sou alérgica a camarões - e eu ficara mega inchada. Imagina se ele mostrasse para algum menino bonito... Tipo o do carro? Minha reputação estaria para sempre estragada. E bom, ter um namorado é algo que está no topo da minha lista, se não for minha maior prioridade.
Isso, ria! Mas aposto que vocês não chegaram até os quinze anos sem nunca ter levado um beijo sequer. É algo... idiota demais! Eu era conhecida como "A Encalhada N° 1" da minha antiga escola. E, certo, não é a melhor reputação que alguém gostaria de possuir. Muito menos uma menina como eu.
Só que eu tive que responder o cara de cabelo oleoso, já que ele parecia meio emburrado.
- Ano... Hai, watashi wa Kanashii Maiyu desu! - respondi um pouco... Corada. Isso aí, corada. Mas é que um garoto bonito - não tanto quanto o do carro, isso pode ter certeza - veio em nossa direção, parando ao meu lado e sorrindo para mim. Sim, sorrindo para mim! Há muito tempo isso não acontecia... Desde Tommy Frescue, o francês estranho que gostava de mim.
- Olá, George. - cumprimentou o garoto se referindo ao cara de cabelo oleoso. Claro que não era comigo. Meu nome não era George. - Maiyu-san está sendo esperada na sala do Diretor. Pode depois mandar as bagagens dela para o quarto A-97? Preciso leva-la agora.
- Hai, Hiai-sama! - respondeu o idiota do George.
Hiai? Parecia que alguém ali tinha um sobrenome mais triste que o meu. Por que se você analisar, a tradução do meu sobrenome literalmente era "tristeza", e certo, Hiai era "tristeza intensa". Que coisa mais... Melancólica.
Então caminhamos em silêncio por entre as instalações - gigantescas - da Yume High.
Bom, de uma coisa eu estava convicta, Yume High mudaria minha vida drasticamente.
Oh, se mudaria.

- Mei*-chan! - exclamou meu tio. Ele não havia mudado em nada. Ainda tinha aqueles cabelos cor de chocolate branco - sabe, meio amarelado, meio branco -, olhos azuis iguais aos da minha mãe e também iguais os meus e suas roupas estranhas. Bom, ele sempre usava roupas bem quentes mesmo no calor com a desculpa de ter uma leve prédisposição a doenças respiratórias como tosse ou até pneumunia. Mas nada tirava o fato de que ele ainda me chamava de Mei-chan, meu apelido de quando eu devia ter uns... o que? Cinco anos? Além de ser um péssimo trocadilho, vamos encarar. - Quando chegou?
- Ah, olá titio. Cheguei hoje de manha. Fiquei naquele aeroporto idiota até um pouco antes de chegar aqui. - soltei minhas reclamações.
- Desculpe, Mei-chan, não pude ir te buscar. Estava cheio de coisas na cabeça... Esses alunos do noturno me deixaram atrapalhado o dia inteiro. - desculpou-se enquanto eu sentava na poltrona fofíssima de fronte a do meu tio.
- Afinal, pra que esse período noturno? Foi uma decisão meio precipitada, não? - perguntei enquanto mexia nos trecos em cima da mesa do Tio.
Ele suspirou e olhou pela janela ao nosso lado. Estava começando a anoitecer, e bom, a vista das montanhas dali era nada menos que estupenda. Tio demorou a responder, o que fez eu pigarrear chamando sua atenção para mim. Típico dele, sempre nas núvens. Chichi* sempre diz que ele é igual a minha mãe, nunca estão sintonisados ao canal "presente".
- Não foi algo que eu mesmo quis - respondeu ele por fim sem ainda me olhar -, o conselho me precionou até que eu criasse. Essa região é perfeita para os alunos da nossa escola, por exemplo, muitos tem pele muito clara ou saúde comprometida. Aqui é perfeito. Sol fraco, estamos próximos as montanhas e temos ótimas instalações médicas. Tudo que eles precisam.
- E claro, pagam fortunas. - comentei pegando um papel mais proximo de mim. Era uma ficha de admição de um menino, que eu logo identifiquei como o menino da limousine. Uchiha Itachi. Um ano a minha frente. Bom, um cara filho de bancários. - Quem é?
- Um Uchiha como bem vê. São muito bem de vida, talvez donos de boa parte da riqueza desse país. Itachi é filho de um amigo meu, tem sérios problemas com alunos... bem, normais. Escolheu estudar aqui para poder ficar longe de problemas-...
- Normais? - interrompi. - Como assim... normais?
Finalmente titio me olhou, só que com uma expressão nervosa ou algo beirando isso. Parece que eu havia ido longe demais.
- É melhor ir para seu quarto, sim? A cerimônia de começo de ano é essa noite, e se não quiser perdê-la...
Levantei-me nervosamente sem nem ao menos dizer tchau. Titio gostava de me deixar curiosa, mas como bem nós sabiamos, eu iria investigar e teria tempo que eu quisesse para isso. Ah teria.




* "Mei" é sobrinha em japonês. O Diretor brinca com o nome da Maiyu, trocando o "a" do apelido dela (Mai) por o "e", dando um sentido bobinho de "Sobrinha-chan";
* "Chichi" é uma forma de chamar "papai";